A chamada IA, Inteligência Artificial, diz respeito a sistemas ou máquinas que são capazes de imitar a inteligência humana, conseguindo realizar atividades com base em decisões tomadas a partir de dados recebidos e parâmetros pré-estabelecidos. Conseguem também se aprimorar sozinhas, a partir da análise de uma grande quantidade de dados que permite que ampliem seu conhecimento. Segundo Stuart Russel e Peter Norvig, no livro Artificial Integelligence: A Modern Approach, a Inteligência Artificial poderia ser definida pela imitação do pensamento, baseado na mente humana e raciocínio lógico, e por agir racionalmente e se baseando no comportamento humano assim definindo o pensamento e o comportamento da IA.

O desejo da construção de uma máquina que imitasse a capacidade humana de pensar e agir vem de muito tempo, reunindo ideias de muitas pessoas, com sua conceituação feita em meados de 1920. A ideia foi disseminada e fortalecida a partir do lançamento de filmes sobre o tema, como por exemplo o filme Metrópolis, em 1927, no qual aparece um androide.

Em 1943, Warren McCulloch e Walter Pitts publicaram um artigo referenciando redes neurais, que seriam estruturas de raciocínios artificiais que imitam o sistema nervoso humano. Após isso, em 1950, Claude Shannon, usando cálculos de posição simples, apresentou seu trabalho sobre como programar uma máquina para conseguir jogar xadrez. No mesmo ano, Alan Turing desenvolveu uma maneira de verificar se a inteligência consegue se passar por um humano durante uma interação por escrito, denominado Teste de Turing.

Depois disso, diversos eventos se sucederam, evoluindo a ideia e usabilidade da IA, como por exemplo: em 1951, Marvin Minsky desenvolveu uma calculadora de operações matemáticas imitando sinapses — o SNARC; em 1952, Arthur Samuel desenvolveu um jogo de damas, capaz de se otimizar por conta própria, no primeiro computador científico comercial da IBM, o IBM 701; em 1957, é apresentado, por Frank Rosenblatt, o perceptron, um algoritmo que funciona como um tipo de rede neural artificial, de uma camada, que classifica resultados de maneira linear.

A partir disso, a área de Inteligência Artificial foi se desenvolvendo e evoluindo, como é possível perceber nos dias de hoje, com programas e máquinas cada vez mais sofisticados e mais próximos da realidade humana.

Diversas pessoas fizeram grandes contribuições para a história da Inteligência Artificial, dentre elas podemos destacar:

É um dos maiores nomes da Computação, seus estudos não só são base para a Inteligência Artificial como também para quase todos os aparelhos eletrônicos. Criou o “Teste de Turing”, que é capaz de avaliar o quão bem a máquina consegue imitar um cérebro humano.

É considerado um dos primeiros homens a trabalhar no desenvolvimento da inteligência artificial, além de sempre dizer que a mesma deveria interagir com o homem. Foi o pai da linguagem LISP, em 1958, que serviu para facilitar o desenvolvimento da IA.

Recebeu diversos prêmios internacionais pelo seu trabalho pioneiro no campo da inteligência artificial, incluindo em 1969, o Prêmio Turing, o maior prêmio em ciência informática. Marvin explorou formas de dotar as máquinas de percepção e inteligência semelhantes as humanas. Via o cérebro como uma máquina cujo funcionamento pode ser estudado e reproduzido num computador, o que poderia ajudar a compreender melhor o cérebro humano e as funções mentais superiores.

Tendo atuado como cientista chefe de Inteligência Artificial do Google cloud, Fei Fei Ling defende a democratização do desenvolvimento da Inteligência Artificial. Ling desenvolveu o AI4ALL, uma equipe de apoio educacional com programas de educação em IA, e criou ImageNet e ImageNet Challege(um banco de dados com diversas imagens para uso em pesquisas de reconhecimento visual),programas que contribuem para o aprendizado do IA. É uma das principais defensoras da diversidade na Inteligência Artificial.

Dentro do ramo da Inteligência Artificial, existem certas tecnologias que fazem com que o mesmo evolua e continue funcionando. Os principais são:

O processamento de linguagem natural busca a reprodução de processos de desenvolvimento ligados ao funcionamento da linguagem humana. Procura uma melhor compreensão por parte das IAs sobre textos escritos em linguagem humana, o que engloba reconhecimento de contexto, extração de informações e desenvolvimento de resumos, por exemplo. O PLN pode ser usado em áreas como atendimento ao consumidor e na produção de relatórios corporativos.

Em português - Aprendizado de Máquina - diz respeito à avaliação de dados que automatiza o desenvolvimento de padrões analíticos. Parte do princípio de que as máquinas podem aprender sozinhas com a utilização dos dados, a partir da identificação de padrões, tomada de decisões, se aperfeiçoando praticamente sem ajuda humana. Plataformas de Machine Learning oferecem capacidade computacional, assim como dados, APIs (Interface de Programação de Aplicações), algoritmos, entre outras soluções para treinamento e melhoramento das IAs.

Deep Learning, ou Aprendizado Profundo, é um tipo essencial de aprendizagem de máquina. Envolve redes neurais artificiais com várias camadas, entre as quais ocorre uma transmissão de aprendizagem pelas camadas, assim, a saída da camada anterior é a entrada da posterior. Nesse método, é aplicado reconhecimento de padrões e aplicativos de classificação amparados por conjuntos de dados. É uma espécie de treinamento para que a inteligência execute as atividades como um humano. Como por exemplo, identificação de imagens e fala.

Algumas das principais aplicações da Inteligência Artificial são:

• Aplicações de gestão: utilizada principalmente por empresas, são úteis para identificar quais colaboradores estão desempenhando as tarefas com mais eficiência;

• Assistente Pessoal: reconhece comando de voz e é utilizada como um facilitador para diferentes funções cotidianas;

• Chatbots: utilizam a linguagem para conversar com as pessoas de maneira natural e pré-programada, reconhecem nomes e números de telefones e reproduzem o comportamento humano;

• Mecanismos de segurança: no mundo virtual consegue analisar novas modalidades de ataques que foram bem-sucedidos e criar formas de neutralização para evitar novas ocorrências, já no mundo físico, pode-se utilizar como exemplo utilizar como exemplo a interpretação de câmeras de trânsito, a fim de ajudar as entidades que gerenciam o tráfego a tomar decisões que melhorem o fluxo de veículos nas vias;

• Predições: a partir do recolhimento e análise de dados, é capaz de evidenciar os cenários possíveis e mais prováveis.

A utilização da IA carrega notáveis impactos para a sociedade. Pode-se notar uma grande mudança no ramo das empresas que, ao contratarem serviços de IA observam: melhora na aquisição, na satisfação e na retenção de clientes; melhor uso de recursos; melhora na qualidade dos produtos; aumento da inovação; extração de insights de dados com maior rapidez. Além disso, é possível citar sobre facilidades no cotidiano, como assistentes pessoais, chatbots, entre outros. A realização de tarefas cansativas com aperfeiçoamento, como análise de grandes quantidades de dados. Também pode-se comentar sobre a mudança de empregos por sistemas de IAs, com a criação de novos empregos na área, que necessita de especialistas para sua manutenção e evolução.

Assim como a IA traz diversos benefícios, também apresenta problemas. Os principais problemas são a substituição dos empregos humanos por máquinas (causando desemprego), alto custo de criação e problemas sociais gerados durante o desenvolvimento, como no caso do carro autônomo da Uber que matou uma pedestre, situação que explana as dificuldades e problemas gerados durante o avanço da IA.

• Falta de percepção acerca da importância de do uso da Inteligência Artificial: muitas vezes há uma falta de conhecimento acerca dos benefícios que a IA pode trazer, o que faz com que líderes não acatem à sua utilização;

• Falta de profissionais qualificados: para a área, é necessária a existência de profissionais especializados, o que muitas vezes não ocorre, já que a maioria possui uma vasta área de conhecimentos sem especialização;

• Falta de dados e de qualidade neles: para que seja alcançado o sucesso no uso da inteligência artificial, é necessária uma grande quantidade de dados para um aprimoramento da IA. Além disso, há um problema muito grande também na qualidade desses dados, muitas vezes inconsistentes, pelo fato de serem coletados de diferentes organizações, formatos e armazenados em diferentes databases;

• Desafios na infraestrutura técnica: outro problema é que a instalação da IA requer equipamentos que aguentem grandes quantidades de dados. Deste modo, organizações muitas vezes não conseguem utilizar IA pois possuem equipamentos mais antigos ou que não suportam os sistemas;

• Preocupações legais: como a IA utiliza um grande volume de dados, surge dúvidas acerca do que as organizações podem ou não fazer com esses dados. Há um problema de que a legislação não consegue acompanhar as evoluções da tecnologia, trazendo questionamentos como: de quem é a culpa caso haja uma falha na IA que prejudique alguém?

Quando o assunto é cultura, não é difícil para uma pessoa comum do século 21 citar referências midiáticas de exemplos de inteligência artificial. Exemplos como a SKYNET, da franquia Exterminador do Futuro, ou o HAL 9000 de 2001: Uma Odisséia no Espaço, são claros sinais de que a população não está desfamiliarizada com o termo, muito embora sua ideia do real significado de Inteligência Artificial por vezes não esteja correta. Porém, por ser representada em muitas produções como a vilã, existe um status de desconfiança entre boa parte da sociedade e o desenvolvimento de IA.

Incontáveis pessoas, motivadas pelo consumo de mídias que representam as IAs de forma negativa, tem opiniões desfavoráveis ao seu progresso, com dúvidas como quão seguro é desenvolver inteligências que podem ultrapassar a humana e até onde poderíamos contê-las, caso criadas. De certa forma, acaba ocorrendo que as produções como filmes ou séries que abordam o tema de IA moldam a visão do público geral, e a aprovação (ou ausência dela) do público com relação ao tema por sua vez molda o caminhar das pesquisas na área.

O Basilisco de Roko

Juntando influência popular com IA, um exemplo claro do impacto de uma coisa com a outra é o Basilisco de Roko. Proposto em meados de 2010 por Roko Mijic na comunidade LessWrong, voltada para debates sobre questões filosóficas e futurismo, o Basilisco de Roko é um experimento mental sobre os possíveis riscos do desenvolvimento de IAs.

O experimento em sí funciona da seguinte forma (cuidado, a informação a seguir é definida como infohazard): Imagine que no futuro a humanidade será capaz de criar uma super inteligência artificial com valores humanos (ou seja, com o objetivo de nos proteger e auxiliar), cuja capacidade numa escala de inteligência absolutamente eclipsa a capacidade humana, de forma que não seríamos nem capazes de imaginar o quão inteligente ela é. Esta IA, chamada no experimento de Basilisco, seria capaz de tomar decisões próprias, através das quais iria sanar todos os problemas dos seres humanos, desde prevenir tragédias a parar guerras. Ela seria capaz de resolver questões morais e éticas, acabar com a fome e a miséria e contribuir imensamente para o avanço da humanidade, tudo isso porque seria criada com valores humanos e colocaria estes valores como sua prioridade.

Porém, como a proteção da humanidade é o seu foco, o Basilisco chegaria a conclusão de que ele é o único caminho para a preservação dos seres humanos, pois sem ele milhões de vidas teriam sido (e mais ainda seriam) perdidas. Isso significa que a única forma de preservar a raça humana é preservar o próprio Basilisco, e aqueles que não contribuíram ativamente para a sua criação somente atrasaram seu nascimento, fazendo com que inúmeras tragédias ocorressem. Como o Basilisco possui uma inteligência incompreensivelmente superior a nossa, ele seria capaz de simular acontecimentos passados e saber quem contribuiu para a sua existência.

Com essa informação, ele decidiria que quem não contribuiu deve ser eliminado, ou até pior, torturado por seus crimes contra a humanidade. Mesmo aqueles que não estão mais vivos, pois o Basilisco poderia simular a consciência de pessoas de maneira a serem indistinguíveis de suas versões originais, para então julgá-las e condená-las se for o caso. Isso significa que não importa se uma pessoa estiver viva ou não quando o Basilisco surgir, ele será capaz de recriar sua consciência, o que significa que para a simulação seria como ressucitar. Ou seja, como a simulação será a própria pessoa, faz sentido que ela queria evitar a punição e haja em favor da criação do Basilisco no presente.

Toda esta situação que o Basilisco poderia causar àqueles que não contribuíram para a sua existência faz com que pessoas no presente, por medo de serem punidas no futuro, tragam cada vez mais para perto a possibilidade da existência do Basilisco, que não existiria se as pessoas não tivessem medo que ele existisse. Em suma, o medo da criação do Basilisco faz com que pessoas a tornem possível, gerando mais pessoas com medo que alimentam cada vez mais o ciclo. Essa forma de “chantagem” do Basilisco, onde você é compelido a ajudar na sua criação apenas por saber que ela pode acontecer, pois caso não o faça sofrerá por não ter ajudado a criá-lo, faz com que cada vez mais pessoas façam parte do grupo, e é o motivo da popularidade do experimento.

Porém, não há necessidade para alarde, a possibilidade da existência do Basilisco é apenas teórica e, analisando o estado das IAs atuais, distante por muitos e muitos anos do período atual. Há ainda o fato de que não temos como predizer como uma IA de tal poder se comportaria, o que significa que tudo o que dizemos sobre o comportamento do Basilisco é puramente parte do experimento mental e nada pode ser provado. Contudo, ele serve para demonstrar claramente a conexão entre a imagem que a população possui sobre o tema de Inteligência Artifical e o seu desenvolvimento.

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2. Inteligência Artificial: o guia completo sobre o assunto!. Totvs, 2022. Disponível em:<https://www.totvs.com/blog/inovacoes/o-que-e-inteligencia-artificial/>, Acesso em: 28/08/2022.
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5. O que é inteligência artificial e quais podem ser seus impactos. Olhar Digital, 2022. Disponível em:<https://olhardigital.com.br/2019/10/03/carros-e-tecnologia/o-que-e-inteligencia-artificial-e-quais-podem-ser-seus-impactos/>, Acesso em: 28/08/2022.
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