Um timeout, em sua definição mais genérica, é um evento que ocorre após um determinado tempo. Se especifica um determinado tempo, o timeout interval, e depois desse tempo, alguma coisa acontece. No contexto de redes isso é muito relevante, pois existe a chance de enviarmos algo e não obtermos uma confirmação, porque o outro lado não recebeu a nossa mensagem ou porque o outro lado não conseguiu mandar uma mensagem de resposta para nós. O razoável a se fazer é enviar a nossa mensagem novamente caso nenhuma mensagem seja recebida. No caso geral, é provado matematicamente que é impossível ter certeza que o outro lado recebeu a nossa mensagem, esse é o famoso problema dos dois generais, mas não nos custa ao menos tentar, e se der errado, é só culpar o usuário.
Os sockets podem ter timeout nos seus métodos de send
e recv
, como visto no artigo sobre sockets crus. Porém, isso não é suficiente para reenviarmos a mensagem só quando um determinado tempo passar, porque os sockets crus recebem todos os pacotes da placa de rede. Isso significa que se no meio tempo o seu computador decidir tentar configurar a Internet, o seu socket vai receber todas as mensagens dessa transação, mesmo não sendo as que você quer, e isso significa que o timeout dessas funções nunca funciona, pois ele sempre será reiniciado com essas outras mensagens da rede. A solução é além de usar o timeout no socket, é manter o seu próprio timeout. Isso pode ser feito simplesmente mantendo o seu próprio relógio.
// usando long long pra (tentar) sobreviver ao ano 2038 long long timestamp() { struct timeval tp; gettimeofday(&tp, NULL); return tp.tv_sec*1000 + tp.tv_usec/1000; } int protocolo_e_valido(char* buffer, int tamanho_buffer) { if (tamanho_buffer <= 0) { return 0; } // insira a sua validação de protocolo aqui return buffer[0] == 0x7f; } // retorna -1 se deu timeout, ou quantidade de bytes lidos int recebe_mensagem(int soquete, int timeoutMillis, char* buffer, int tamanho_buffer) { long long comeco = timestamp(); struct timeval timeout = { .tv_sec = timeoutMillis/1000, .tv_usec = (timeoutMilis%1000) * 1000 }; setsockopt(soquete, SOL_SOCKET, SO_RCVTIMEO, (char*) &timeout, sizeof(timeout)); int bytes_lidos; do { bytes_lidos = recv(soquete, buffer, tamanho_buffer, 0); if (protocolo_e_valido(buffer, bytes_lidos)) { return bytes_lidos; } } while (timestamp() - comeco <= timeoutMillis); return -1; }
Pode ser útil variar o tempo que se espera pela resposta de forma exponencial. Isso significa que na primeira retransmissão você espera um segundo para receber a mensagem, já na próxima espera dois, e na próxima quatro e assim por diante. Isso ajuda no caso por exemplo de um servidor ficar lento e não conseguir responder todas as mensagens que lhe foram enviadas. Assim, as mensagens vão enfileirando, e se elas chegarem num ritmo constante, o servidor nunca vai conseguir responder todas elas. Esse é o conceito do recuo exponencial, que é implementado em protocolos como o TCP mas se aplica a muito mais lugares, como por exemplo para evitar colisões na rede através da inserção de um componente probabilístico.